quarta-feira, 15 de agosto de 2012


Carne de frango deve dobrar de valor neste mês


O desequilíbrio entre a procura e a oferta e quebra de safra de milho e soja nos EUA são principais razões

O preço do frango vai ficar mais caro no Ceará até o fim deste mês. E o reajuste não será pequeno. De acordo com a Associação Cearense de Avicultura (Aceav), o valor do quilo da ave que, atualmente, custa R$ 2,99 vai passar para até R$ 6,00 para o consumidor final. Aumento de praticamente 100%.

O quilo da ave que, atualmente, custa R$ 2,99 para o consumidor final poderá chegar a R$ 5,50 ou até a R$ 6,00, de acordo com a Aceav FOTO: CID BARBOSA

É o que afirma o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis. "O valor do quilo do frango vai pular de R$ 2,99 para o patamar de R$ 5,50 e R$ 6,00 para o cliente. Na granja, vai avançar dos R$ 2,20 e R$ 2,30 atuais para R$ 3,50", confirma o representante da Aceav.

Segundo João Reis, há dois motivos principais para essa alteração brusca nos valores. O primeiro aspecto, conforme ele, é o longo período com oferta demasiada do produto no Estado.

Demanda x procura
"A oferta está muito maior do que a procura, forçando os preço para baixo e causando prejuízos para o segmento. Tudo o que foi ganho no primeiro semestre já foi perdido. O segmento está realmente trabalhando no vermelho. Para você ter uma ideia, neste mês vamos reduzir em 10% a produção de frango que, semanalmente, é de 5 milhões de unidades. Vamos passar para 4,5 milhões para ver se equilibra", avalia João Reis.

Safra americana
O segundo ponto importante que vem causando a majoração do preço do frango é a quebra de safra de milho e soja nos Estados Unidos da América (EUA).

Segundo a Aceav, o mercado externo está demandando fortemente esses dois itens do Brasil. Por conta disso, na opinião de Jorge Reis, os produtores estão preferindo vender para os americanos, chineses e europeus do que para o mercado nacional. "Mesmo com as perdas registradas no Ceará, Nordeste e Rio Grande Sul, os demais estados do Brasil conseguiram bater recordes. Não está faltando milho e soja no País. Pelo contrário, nunca se produziu tanto como em 2012. O problema é que aqueles que conseguiram excelentes safras estão preferindo exportar", resume.

Saca mais valiosa

Conforme a Aceav, esse fenômeno internacional que ocorreu nos EUA (maior produtor mundial) pressionou o preço do milho e da soja, insumos importantes para a avicultura. "A preferência passou a vender em dólar para o mercado internacional. Por isso, o preço interno da saca de milho de 60 Kg, por exemplo, subiu de R$ 27,50 para R$ 38,00 ou R$ 39,00", explica, ressaltando que em relação ao ovo ainda não há estimativa de aumento de preço.

Brasil Foods vai subir preços em até 10%

Fortaleza/ São Paulo.
 Semelhante ao que vem ocorrendo no Ceará, o reflexo no segmento é ampliado à esfera nacional, inclusive, atingindo gigantes conglomerados empresariais. É a demonstração que grandes e pequenos estão passando pelo mesmo problema. A BRF-Brasil Foods, empresa de alimentos dona das marcas Sadia e Perdigão, pretende reajustar o preço de seus produtos entre 5% e 10% "imediatamente", para compensar o aumento de custos, afirmou ontem o presidente da companhia, José Antonio do Prado Fay.

A alta do preço dos grãos, que respondem por cerca de 25% dos custos de produção de aves e suínos, e o aumento de despesas devido à readequação da produção da companhia - necessária com a transferência de fábricas para a rival Marfrig por ordem do Cade - impactaram o resultado da empresa no segundo trimestre. O lucro caiu 99%, para R$ 6 milhões.

Justificativa

"Não existe espaço para não repassar. O prejuízo seria tremendo", disse Fay. No segundo trimestre deste ano, a empresa aumentou o preço dos produtos vendidos de 1% a 2%, em média, o que foi insuficiente para compensar o aumento dos custos. Só o preço do milho avançou 15% no período.

Tendência é majorar

Segundo Fay, os reajustes devem ocorrer tanto no mercado interno como no externo, e podem ser ainda maiores até o fim de 2012.

Ele admite que, no exterior, alguns países devem apresentar resistência em aceitar os repasses, como o Japão, devido aos elevados estoques, e a Europa, onde a empresa enfrenta a concorrência dos produtores locais.

No mercado doméstico, os repasses já ocorrem, porém de forma mais lenta do que o necessário. "O mercado interno não está ajudando, mas também ainda não está atrapalhando", disse.
E agora, como o prometido, aqui estão as fotos do Novo Ponto do Frango, lembrando que apenas uma ala foi inaugurada. Quando tudo estiver pronto iremos postar aqui.Até mais!